Ódio/Amor

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Nunca havia percebido tamanha proximidade do amor e do ódio até sentir na pele.

As vezes amamos o que é impossivel, as vezes o que é razoável, as vezes a gente ama…

Não há explicação sobre o ser amado, sobre o amor. Simplesmente ama e ponto final. A razão de amar esse ser é simplesmente amar.

Geralmente os poetas bem escrevem, quando estão sentindo a amargura deste ódio. É odiar amar…amar odiando.

Ódio de depender da existência do ser amado, ódio de se sentir sem chão quando o encontra, ou, de sentir o chão abrir diante de si, ódio de amar tanto, ódio mortal das borboletas que insistem em voar loucamente pelo estômago, ódio de amar o cheiro, o gosto, o olhar, o sorriso, o suspiro, o andar…

É tanto ódio que um apaixonado diria que isso é dor de amor mal resolvido…mas meu caro, resolver o que? Só há o ser amado! O que há para resolver quando só se tem ódio no amor e ama odiar este amado?

Só sei que padeço, padeço de amar sem compreensão: de amigos, de familia e principalmente do ser amado. Não! O ser amado sabe, mas não entende…. Há um grande abismo entre o saber e o entender, assim como para o entender e o absorver.

E odeio, ah! como odeio…sua postura, seus gestos, seus pêlos, sua nuca, sua voz, sua mão, seu cabelo, seu olhar…

Odeio acordar, por que o amado está no primeiro pensamento e até que venha a hora de sonhar, e lá está ele, bailando na mente.

Não sei como libertar, não tenho saída muito menos direção…o ódio é minha droga, o amor meu vício. Tornou-se por aquilo que todos os dias penso, sou e faço algo melhor, virou razão.

Odeio admitir que estou fraco, que não sou nada.

Com o amado não quero escrever cartas, ter edificações e propriedades…amizade.

Com o amado me vejo na praia, no mato, em casa, com Deus, com filhos, na chuva, na areia, no parque, no almoço de domingo, na ladeira, na mesa, no vento, na rua, no bar, na cama, na Lua…

Odeio te amar…e como é grande este ódio, como amo você!

Jaqueline Roiz

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